Porque é que hei-de investir em pessoas, se qualquer uma serve para a função? Porque é que hei-de gastar o meu tempo e energia a encontrar, recrutar, integrar, formar, acompanhar e cultivar relacionamentos verdadeiros e positivos, se qualquer um pode tratar dos papéis? É tempo (ou energia, ou dinheiro, escolham) perdido!!!
Esta é, infelizmente, a postura de muitos (cada vez menos, felizmente) empresários e (pseudo)líderes à minha volta. As pessoas são números, as função são apenas lugares e, no corre-corre do dia a dia, pouco importa verdadeiramente quem faz o quê. E, tenho que admitir, em alguns contextos até pode ser que assim seja… mas ainda assim nada se compara a uma Dream Team, orientada por um código de honra sólido e por uma liderança poderosa, em qualquer função da empresa ou do projeto que tenhas em mãos. E isso nota-se ainda mais claramente quando há um problema, quando emerge uma crise… como esta pandemia que vivemos.
Imagina que, em vez de guardarem para si a informação (porque têm medo de perder o lugar), as “tuas pessoas” falam contigo direta e construtivamente, seja sobre o que for.
Imagina que, em vez de se comportarem com uma eterna desconfiança (porque o patrão é “isto” ou “aquilo”) elas sabem, intrinsecamente, que estás a fazer o que fazes de boa fé, confiando simplesmente em ti.
Imagina que, em vez de ser um caos e um pântano (quem quiser que resolva, eu não tenho nada a ver com isto!), cada problema é enfrentado com objetividade, coragem e determinação, trabalhando todos em conjunto, assertivamente, para encontrar e implementar a melhor solução.
Imagina que, em vez de uma guerra de auto-justificação e auto-proteção, cada discussão ou momento tenso se foca no “o que eu penso, o que tu pensas, como é que destes nossos pontos de vista se conclui algo construtivo, melhor que as nossas simples visões pessoais”.Imagina que, em vez de cada um tentar ganhar o máximo possível para si e para o seu bolso (e que se lixe o projeto, a empresa ou as pessoas), cada um tenta dar o máximo, potenciando o projeto e o retorno a longo prazo.
E imagina que, em vez de um grupo de pessoas que à mínima dificuldade se refugiam “nos seus direitos” (quase em negação das dificuldades reais de um momento como este), tens um grupo de pessoas que em tempo de crise consegue ver para lá da banal relação patrão-empregado e, porque sente que o seu líder merece o seu apoio e respeito, arregaçam as mangas para trabalhar lado a lado num futuro melhor para a empresa. Isto é uma Dream Team. Isto é uma equipa vencedora, na acepção integral da palavra, e ela pode ser a diferença, em plena crise, entre um projeto que sobrevive e prospera e um outro que cai. E já agora, se na crise já é assim, imagina como será com o espaço, tempo, liberdade, recursos e energia próprios de um contexto de normalidade ou prosperidade!
Dá trabalho a criar? Dá. E exige uma liderança de elevada eficiência e perfil de topo? Sim, exige. Mas no fundo ou sofres para a criar (e depois desfrutas dos benefícios), ou sofres porque tens pessoas medíocres ou mal organizadas (e aí o sofrimento é de longo prazo!). Qual dos cenários é o teu? O meu é o primeiro. Sem a minha Dream Team não teria chegado até aqui, e com ela havemos de chegar bem mais longe. E tu?
Ricardo Frade é executive coach e consultor de RH. Trabalha com empresas que procuram melhorar as suas equipas e processos, ajudando-as a atingirem resultados extraordinários com base em pessoas e equipas extraordinárias.